Na parte baixa está a entrada principal e o Centro de Informação aos Visitantes onde a visita começou e já valeu uma hora inteira passando pela Galeria da Fauna, a sala de vídeos de orientação e história do Parque, e as salas de exposição e mapas que já nos dão uma sinopse do que nos esperava nos dois dias que iríamos explorar o PNI. Nesta parte do Parque nos embreamos pela Mata Atlântica preservada, linda e musicalmente silenciosa. Inúmeras cachoeiras, trilhas e variados tons de verde mesclados com as cores das flores, frutos, plantas e pássaros de todas os tipos e espécies. Um só dia é impossível trilhar e conhecer todas as atrações disponíveis. Certamente retornaremos para quatro dias e três noites nesta parte do PNI.
Acredito que foi pensando nisso que a administração do Parque criou o desconto para dias seguidos. Vale a pena adquirir os ingressos antecipadamente no site do PNI. Fica a dica!
Na parte alta, no entanto, estão os principais pontos de visitação do PNI - na minha humilde e inexperiente opinião. Mas, é preciso frisar aqui: o acesso é horrível! Mas, horrível mesmo! E não é exagero algum repetir: horrível!!! Quando deixamos a rodovia estadual para acessar a estrada de chegada à Parte Alta do PNI li a placa que dizia: Posto do Marcão, 15km. O GPS informava que ainda faltavam 45min, e de imediato bradei: - 45min para fazer 15km? Deve ter alguma coisa errada! Acho que o GPS se perdeu. Deve estar sem sinal ou algo do tipo. Mas, não! Lêdo engano o meu! Foram 45 minutos de muitos, mas, muitos buracos, crateras, valas, e tudo mais desse tipo - menos asfalto ou estrada para trânsito de veículos. Mais parecia um leito de rio seco que uma estrada! A paisagem, as inúmeras quedas d'água saindo direto da rocha, os despenhadeiros e a subida interminável e que gerava a cada curva uma vista melhor que a outra, e saber que estávamos apenas chegando à parte do Parque com mais atrações emocionantes que a parte baixa que havíamos visitado e nos encantado, tudo isso, fazia valer a pena continuar metro-a-metro, minuto-a-minuto, aquela travessia cheia de aventuras (para não estragar o texto com outros adjetivos!).
Finalmente chegamos ao Posto Marcão, o portão de acesso à Parte Alta do Parque Nacional do Itatiaia. Muita chuva, neblina e frio - mas, estávamos lá! Após as formalidades administrativas e constatarmos que, até àquele momento, somente a gente tinha chegado ali naquela manhã, seguimos por mais 3km (ainda mais complicados para o carro!) até o Abrigo Rebouças. E que lugar, meus amigos!!! Há um mastro com o Pavilhão Nacional içado no alto de uma montanha próxima ao Abrigo que já nos dava a sensação de ter chegado em outro Planeta onde outros humanos também haviam chegado. O lugar é inóspito, mas, incrivelmente lindo.
A estrutura do Abrigo é muito boa, e se você quiser conhecer mais recomendo acessar o perfil do Abrigo Rebouças no Google Maps e assistir o vídeo que fiz apresentando toda a instalação.
Ainda eram 11h da manhã e depois de percorrermos as imediações do Abrigo, conhecendo a área de camping, a represa e o acesso à Trilha para o Pico das Agulhas Negras, iniciamos nosso plano de conhecer a Base do Pico das Prateleiras, passando pela Toca do Índio e seguindo para a Pedra da Tartaruga e da Maçã.
O caminho escolhido foi a Trilha Couto-Prateleiras. Uma subida de +/- 1km em um maciço rochoso onde não é possível nem delimitar uma trilha específica e nem indicar a rota por placas, como em boa parte das demais trilhas em terreno plano. E foi aqui que aprendi uma das lições mais preciosas nessa jornada no PNI.
É aqui que aprendemos sobre "o caminho das pedras". Ao longo da subida encontramos algumas pedras empilhadas que não pareceram ser naturalmente empilhadas, antes, mais pareciam obra de gente. Mas, ali? No meio do nada? Foi aí que nos pareceu bastante apropriado o dito "caminho das pedras". Fomos percebendo que cada "totem" daquele era, na verdade, a indicação do caminho. E a cada totem (esse é o nome que se dá a esse conjunto de pedras sobrepostas) que avistávamos íamos seguindo na sua direção e vencendo a subida da montanha, até que chegamos no seu cume onde uma Placa indicativa nos mostrava os próximos passos. As pedras indicavam o trecho da caminhada que deveríamos fazer - uma-a-uma, até chegar ao destino.
Uma vez que chegamos na placa e a trilha estava melhor delimitada no terreno, uma segunda lição, tão preciosa quanto a primeira, nos foi sendo ensinada passo-a-passo em direção ao nosso destino: a base das Pico das Prateleiras.
Boa parte da trilha que ligava o entroncamento anterior até a Toca do Índio, na sua maioria era como que pavimentada por pedras. Não que o terreno fosse pedregoso, ou que a administração do Parque aproveitou as pedras do caminho e trabalhou nelas que já estavam lá. Na verdade, quem faz a trilha Couto-Prateleiras percebe nitidamente que aquelas pedras foram trabalhadas e cuidadosamente instaladas ao longo da trilha permitindo a qualquer pessoa saber o caminho que deve fazer para chegar com segurança ao destino - a base das Prateleiras. E aqui pude perceber a diferença entre o caminho das pedras e o caminho de pedras. Naquele você só vê o próximo ponto demarcado pelas totens. Nesse, você caminha sobre as pedras que pavimentam a trilha e não te deixam errar a direção.
Caminho de pedras ou Caminho das pedras?
Por vezes oramos pedindo a ajuda de Deus como que pedindo o caminho das pedras. Nesses momentos a gente não sabe qual direção tomar, quais os próximos passos devem ser dados, e rogamos ao Senhor e Regente da História que nos diga qual o caminho, qual a direção, pra onde devemos ir. O caminho das pedras, no entanto, implica em andar por lanços, ou seja, ponto-a-ponto. A gente ora e espera receber o mapa com a trilha, mas, pedir o caminho das pedras é como pedir totens indicativos do próximo ponto, e não o caminho todo. E às vezes é isso mesmo que Deus faz conosco. Ele nos mostra apenas o próximo ponto, afinal, a gente é limitado na visão e, normalmente, só enxergamos o que está na reta, à vista. E nesses momentos, meus amigos, precisamos confiar e seguir, ponto-a-ponto, totem por totem, e é aqui que muitos se perdem por não confiar na técnica. Se desesperam por não ver o todo e esquecem de permanecer fiel e obediente naquilo que já conhece, naquilo que já lhe foi revelado, mostrado! É preciso confiar e obedecer àquilo (totem) que Deus já lhe mostrou. Ele sabe o todo, ele está conduzindo. Apenas olhe, caminhe e prossiga na caminhada!
Aprendi, no entanto, que podemos e seria muito melhor orarmos ao Senhor nesses momentos de incerteza sobre o amanhã (e eles são quase que diários!) pedindo que Ele nos coloque em caminhos pavimentados, em caminhos de pedras, onde a segurança e a rota são igualmente claras e bem definidas, e não temos dúvidas para onde e como devemos prosseguir. Quem dera as trilhas de nossa vida fossem sempre assim: caminhos de pedras!
Contudo, aprendo que Deus sabe a hora certa de nos colocarmos nesse caminho. Quando obedecemos e confiamos nos totens que Ele coloca no caminho, Ele mesmo se encarrega de nos colocar em caminhos pavimentados, senão em todo o percurso, em boa parte dele, afinal, Ele nos conhece, sabe das nossas limitações, de como temos a tendência de nos perdermos facilmente ao longo da caminhada, e como Ele nos ama, cuida de nós, Ele mesmo se encarrega de pavimentar o caminho e não nos deixar perder. Ele quer que cheguemos ao destino final com segurança. A nós nos cabe confiar e prosseguir, quer no caminho das pedras, quer no caminho de pedras!