Não são muitos os textos bíblicos que tratam sobre o martírio de cristãos. É a tradição quem melhor preserva muitas das histórias uma vez que vários deles foram os próprios escritores do NT. Pensando aqui me recordo de João Batista, Jesus, Estêvão e a citação da galeria da fé em Hebreus 11:35-38 (muito embora a referência aqui é possivelmente aos fiéis do AT, com alguma possibilidade de inclusão já dos cristãos que sofriam o início da perseguição que se seguiu após Estêvão). No entanto, são incontestáveis as narrativas do calvário de Jesus e do martírio de Estêvão!
Ao longo da história da Igreja não são poucos os relatos preservados em tinta e papel. Mas, foi nas duas décadas passadas que passamos a assistir a perseguição aos cristãos protagonizados por grupos radicais como o autodenominado Estado Islâmico (EI) e o Boko Ahram. Me recordo de ter lido uma matéria sobre filhos de cristãos enjaulados e ameaçados de serem queimados vivos e publicado em minhas redes sociais uma coletânea de textos bíblicos com palavras de Jesus e Paulo onde o ensino, diante desse contexto, é de armar-se de amor! Me lembro também de ter assistido ao martírio de alguns dos nossos irmãos na fé que estavam presos, foram torturados e mortos por integrantes do EI. Cenas fortes. Impactantes! Após um tempo de silêncio, lágrimas, e oração não saiu da minha memória a via dolorosa do Senhor, e o apedrejamento de Estêvão. E, ao menos, uma similaridade com os mártires da última hora: "como ovelha muda..." - Isaías 53:7-8, citado por Lucas em Atos 8:32-33. E uma questão: o que os fez agir assim diante da morte?
Cheguei a algumas respostas, mas antes, gostaria de lhe sugerir reler estas passagens bíblicas, (se tiver coragem, assistir aos videos) e buscar, rebuscar e aprofundar suas próprias respostas. Para mim, essa é a âncora, deles e também nossa: Hebreus 12.1-3!
- A morte para o cristão não é o fim e a experiência do martírio não só não rouba essa certeza, como parece confortar e dar segurança pela via dolorosa;
- A comunidade cristã é abalada emocionalmente, sofre, chora, sente a perda, entra em choque pela forma, mas, ainda que perseguida e espalhada, sua fé não só é fortalecida, como tem sua proclamação impulsionada, alastrando-se por onde passam, alcançando e gerando mais vida;
- O martírio cristão não produz desejo de vingança! Não apenas pelo ensino bíblico de que "a vingança pertence ao Senhor" (Romanos 12.19 e Hebreus 10.30), mas principalmente porque o sofrimento e a morte por causa do Evangelho são entendidos como o auge da identificação do discípulo com o Mestre, produzindo contentamento e ampliando a certeza de se estar no Caminho!
"E vocês serão minhas testemunhas [mártires] tanto em Jerusalém, como na Judeia, Samaria e até os confins da terra!"Atos 1:8
O empoderamento realizado pelo Espírito torna os seguidores de Jesus aptos a darem suas vidas por Cristo, seja do outro lado da rua ao outro lado do Mundo. É bem verdade que a atual situação de Pandemia não se caracteriza em perseguição, e as perdas sofridas não o são por causa de Cristo, mas, o enfrentamento à morte, sem dúvida alguma, mexe com os alicerces da fé talvez tanto quanto o próprio martírio! E essa similaridade vivenciada "pelo vale da sombra da morte" nos permite analisar a maneira que o ensino bíblico e a tradição cristã tratam o tema da morte, e assim, aplicar aos nossos dias as verdades que respondem, acalentam, consolam, fortalecem, enchem de coragem, contentamento e ânimo em meio à perda, à injustiça e ao caos.
Como você tem lidado com a realidade da morte, seja a iminência da nossa ou a fatalidade dos nossos?
Aos colegas pastores, fica a sugestão de tema, texto e video-ilustração!
Que o Senhor nos encontre fiéis e sinceros até o fim.
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